sábado, 9 de fevereiro de 2013

Outra sobre o Carnaval


    Cronica - Outra sobre o Carnaval por João Fábio Haddad Caramori.

    O carnaval tá ai! Posso escutar da onde estou! Cheio de vogais cantarolantes, que por si só, completam um álbum de axé e os mais diferentes e rebuscados sinônimos para as genitália das pessoas fazendo rimas no diminutivo.
    Eu sei, é um clichê esse tipo de reclamação. Sempre tem aquele pessoal "cult", "underground", dizendo:
   "No meu carnaval eu passo vendo filme trancado no quarto!" ou "reúno meus amigos e faço minha festa, com música boa"!
    Todo mundo escuta esse tipo de comentário, acho que esse comentário se tornou tão banal quanto o próprio carnaval. É claro, tem certas pessoas desejam um afastamento dessas sapecas festividades, e não as culpo, nem um pouco.
    Havia fugido da minha mente, hoje começava o carnaval, nem lembrava, só lembrei porque um amigo ligou no meu celular falando que estava na cidade e queria me ver. Fui na sorveteria com um pensamento fixo comigo: "Uma hora é meu limite". Não era uma promessa, mas uma constatação.
    Não que eu tenha algum problema social, longe de mim, até que gosto de sair, dar risada, ver os amigos, mas especificamente no ambiente carnavalesco, onde uma torrente de bêbados fantasiados, saltitantes juntos a uma enorme orquestra cacofônica dos aparelhos de som dos carros, cada qual com seu estilo precisamente calculados para ser o mais desagradável possível, rodinhas de adolescentes brigando, são coisas que me cansam sensitivamente dizendo. Ouvidos e olhos, limite de uma hora.
     Pois bem, sai e voltei beirando a margem dos 10 minutos de segurança. Aleguei uma seguramente educada e sofisticada dor de cabeça aos meus amigos. Nada iria me estressar nessa noite, uma social bem feita, sorvetinho esperto, tudo nos seus conformes quando, a magia do carnaval, uma onda agorenta e inefável, uma maldição conjurada pelas vogais das músicas de axé cantada pelo trio elétrico do inferno recai sobre mim.
    Virando a rua para entrar em casa o que vejo?
    Na penumbra do portão um menino parado de costas, e com mais atenção notei que tinha capangas, duas meninas abaixadas no escuro.
    A princípio pensei ou estão usando alguma coisa no portão de casa, ou tão ai pra me roubar.
    Mas antes que eu pudesse ficar apavorado com a situação, com o terrível pensamento de ter 5 reais levados por pífios assaltantes, algo acontece, a medida que caminhava sorrateiramente, sem que os três carnavalescos percebessem minha presença, dentro da extensão das sombras que pairava a calçada, eu vi!
    Deslizando como dementador líquido, malcheiroso e a princípio silencioso, de forma vil serpenteava seu caminho, porém a medida que o silencio já não era mais uma de suas qualidades, a coisa ia tomando a força de uma barragem que se rompe alagando tudo que estava a frente.
  - Caralho! Cês tão mijando na frente da minha casa! Na frente da minha casa! - Exclamei.
  Aqui tem um ponto que não consigo descrever pela raridade das vezes que vi o fenômeno, é um barulho bem peculiar, quando mulheres são pegas fazendo coisas nojentas, como soltar um pum melado, o barulho assemelha-se a um princípio de risada abafada por um vigoroso movimento do diafragma inflando o ar para os pulmões para uma recomposição da gafe social rápida.
  Elas fizeram esse barulho ao mesmo tempo que pisoteavam a própria urina e viraram a esquina da casa correndo passos úmidos e ruidosos, o garoto ainda teve a audácia de dar umas ultimas sacudidelas no pirulito e ir embora, andando lentamente, me dizendo:
  - Faz parte! -  E ria loucamente, uma risada fina e desdenhada. - Gritando às meninas que já haviam sumido do nosso campo de visão. - Se fuderam cês duas, heim? - E ria, como se o que ele tinha feito fora algo diferente delas.
    Subi pela escada de casa evitando pisar nas poças deixadas pelos convidados, peguei a mangueira do quintal, joguei água sobre o peripécia líquida até o cheiro sumir, guardei a mangueira e soltei os cachorros, antes de entrar eu ouvia as vogais sendo repetidas como uma jocosa risada contra mim. Agora eu deixo meus cachorros soltos o carnaval inteiro, polui menos meus ouvidos seus latidos tentando atacar quem passa pela frente da minha casa do que as vogais pirracentas e das cantorias provocando meu limiar de tolerância. Olhos e ouvidos, agora 20 minutos.
 

                                                    Ao meu grande amigo Diogo Gimenes de São Pedro.

sábado, 4 de agosto de 2012

  Crítica - Maior Brasileiro de todos os Tempos. (Essa é minha opinião)

  Ultimamente ando afastado das televisões, porque sinceramente não me interessa bosta nenhuma o que a mídia atual nos oferece, com a internet eu faço minha programação, com exceção aos jornais que ainda dou uma olhada.
  Tá bom, eu sempre prefiro escrever crônicas sobre as coisas, porque é uma forma de humor, mas não encontrei a sutileza necessária para escrever uma crônica sobre esse "Maior Brasileiro de Todos os Tempos" que o SBT anda passando, só fiquei sabendo desse programa pelos vídeos que o Felipe Neto, o vlogger, postou esses dias, depois disso comecei a pesquisar para ver a  reação das pessoas em relação ao programa, sinceramente, o Felipe Neto esta com a razão, não só ele como esse milhão de brasileiros que estão criticando, com razão, o programa.
   Eu realmente não sabia desses 100 nomes que estavam em votação, mas eu acho que muitos dos nomes que estão aí na lista foram simplesmente colocados para dar um caráter mais ...nem sei diabos qual adjetivo usar, mais um caráter de mais validade e veracidade a essa lista, porque duvido muito que a mesma população que escolheu um cantorzinho febre de balada escolheria Elis Regina ou Zumbi dos Palmares.
  O que mais me incomoda não é isso, é pensar em números, sendo que tem MUITA gente reclamando dessa lista, e é a população que a fez e a elege..... isso faz pensar.
  Todas as pessoas que eu tenho contato dentro da academia (falo universidade) critica essa lista, os bloggers, vloggers, a mídia independente critica essa lista, todos com um certo nível de instrução criticam essa lista e mesmo assim um número massivo de pessoas a moldam com esse formato de bosta que ela tem, populista ao extremo.
  Pelos dados do IBGE de 2010 cerca de 8% da população brasileira tem acesso ao ensino superior, mas não é preciso de ensino superior para se ter senso crítico e acesso a cultura, mas o que me assusta é que não fazemos real ideia da massa gigantesca e manipulada que existe no Brasil, porque televisor existe na grande maioria das casas do Brasil, no caso das pessoas que votaram para montar essa lista, existe na casa de todas elas, mas apoio real a educação não existe.
  Sabe, o maior Brasileiro de todos os tempos é o pai que acorda as 4 da manhã, trabalha 12 horas todos os dias e volta para casa sorrindo por ter colocado comida na mesa. Esse sim é o maior brasileiro de todos os tempos, pois viver em um país como esse, onde os governantes são levianos a ponto de pensarem em grandes obras pro exterior ver e terem seus nomes gravados nos anais do tempo (anais mesmo) ao invés de priorizar a educação e a saúde do povo, que a elite monetária do país que poderia fazer mais que os políticos jogam suas responsabilidades de escanteio dentre outras coisas que me tiram do sério.... foi só um desabafo, logo volto com minhas crônicas.

sábado, 10 de setembro de 2011

Nascimento do senso crítico.







Dr. Aberillard Tierre, doutor em sociologia e antropologia pela universidade de Bernafield, Suíça. Também exímio pianista e dançarino de frevo. (1939-2011)




  Novamente eu estava fuçando meu acervo favorito de artigos científicos da internet durante o chá das cinco, o banco de dados "Extremely difficult scientific articles even if you are a genious", que contém os mais refinados escritores do meio acadêmico e me deparo com um personagem um tanto curioso, um teórico que eu nunca tinha ouvido falar.

  Abeillard Tierre é atualmente considerado um gênio da antropologia e sociologia dentro da área do auto-questionamento.

   Dr. Tierre começou a escrever seu primeiro artigo com apenas 12 anos de idade, porque se questionava em dever só escrever um artigo dentro da faculdade depois de absorver certo conteúdo, estranhamente quando entrou na faculdade Tierre não produziu coisa nenhuma com relação a sua área, alegando ser uma acomodação, escreveu  longamente sobre o orvalho da manhã, chinelos de dedo, formas de se livrar da cutícula e o que aconteceria com um ser humano se usasse uma mesma peça de roupa por muito tempo, pra ser exato por 42 dias*.

  Abeillard durante seu mestrado desenvolveu centenas de artigos sobre o nascimento do senso crítico em diversas situações na vida de um indivíduo, trazendo isso para sua vida pessoal.

  Com 29 divórcios, 19 relacionamentos homoafetivos, 15 com outras espécies (nesse período ele escreveu belos poemas relacionando cabritas e cabritos também), 3 relacionamentos com a mobília e um com um cadáver praticamente decomposto.

  O questionamento sobre a sociedade estava no sangue de Tierre, ele também foi presos diversas vezes ao tentar quebrar os padrões vigentes de vestimenta ao passar 5 meses somente usando uma camisa tamanho p e um par de meias enquanto lecionava na faculdade e por ultimo ao tentar demonstrar a liberdade do nudismo para um mendigo retirando as roupas do coitado em pleno inverno finlandês e assim foi preso. O mendigo na verdade morreu de hipotermia, ao tentar puxar de volta suas roupas e caindo em um lago congelado.

  Tristemente, esse sofisticado autor morreu neste ano enquanto fazia palestras criticando os hábitos alimentares da sociedade alegando que vivemos em uma ditadura exagerada oriunda das empresas alimentícias e que o ser humano seria capaz de viver só com um pedaço de salame e uma dose de rum por semana, porém não foi a dieta que o matou, os amigos do mendigo congelado o espancaram com chaves de fenda, tábuas e um pedaço de pão duro.

* Depois eu encontrei em uma nota de rodapé de uma biografia de Abeillard, nela diz: "As roupas de baixo depois de 42 dias de uso constante adquirem uma curiosa capacidade de aderência, se você as arremessa contra a parede e elas grudam dai você pode trocar ou virar do avesso, caso contrário permaneça com a mesma. ("Uma Experiência de Abeillard: 42 Dias Sem Trocar de Roupa e Praticando Esportes Frenéticamente" - A.R. Denis - Guilten Town - 1980).

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Ai, meu Deus". (Isso não é uma crônica, é mais um desabafo).











Eu queria ter feito isso no ônibus com o cara dentro.




  Isso vai para um novo quadro daqui: E você pensa que só acontece nos filmes?

  Comprei uma passagem de ônibus Assis-Piracicaba, eu sabia que a viagem tomava cerca de 6 horas, mas se eu dormisse ficaria tranquilo, pedi uma poltrona perto da janela (ficar olhando pela janela me ajuda a dormir) no final do ônibus e estaria feito, só dormir e pimpa! Chegaria em casa sem ver o tempo passar.

  Sentei confortavelmente na poltrona fedida, o que depois de notar que era fedida não ficou tão confortável, mas nada do que 15 minutos exposto ao cheiro de "mofo+puns+fluidos corporais" não destruí-se completamente a sensibilidade das minhas narinas e  me desse a compatibilidade necessária para a viagem.

  Parecia que agora ia, parecia que se seguiria meu plano com maestria, pálpebras pesando, cabeça pendendo para trás, estava tudo perfeito, nos conformes, visão ficando embaçada e...um grito vindo do banco de trás.

  - Alguém poe uma musiquinha esperta aí. Ai, meu Deus!
  As pálpebras ficaram leves.
  - Um sonzinho bacana! Bruno e Marronei, Luan Santana, Huuuu moleque! Ai, meu Deus!
  Perdi o sono.
  - Essa companhia de ônibus é um lixo, num tem um sonzinho, num tem uma televisão, tem uma coisa que se chama modernidade, MODERNIDADE. Ai, meu Deus - Disse o infeliz gritando.
  Eu estava tão desperto que poderia correr uma maratona naquele instante.

  Murphy sim foi um cara extremamente sábio quando disse que se uma coisa poderia dar errado ela daria no pior momento possível, provavelmente ele pegou a mesma linha de ônibus com o mesmo cidadão sentado no banco de trás quando escreveu sua máxima.

  O cara sentado ao lado do meu banco sacou celular, olhou com gracejo para as pessoas que estavam em volta em busca de aprovação,o que não teve nenhuma, mas duvido muito que ele conseguiu ver alguma coisa, porque ele era bem vesgo.

  Um chiado maldito preencheu o espaço do ônibus junto com o cheio de mofo.
  " IÊ IÊÊ PASSA O DIA PASSA A NOITE....." mais chiado.
  " Você você você você você você...." mais chiado.
  " Mulher boa é a mulher faceira, vem pra cama....." mais chiado.
  Comecei a achar o chiado de muito bom gosto.
  - Huhul, agora vai moleque, arrebenta! Ai, meu Deus! (foi nesse dia que descobri o porque estar na bíblia a parte de não chamar Deus em vão, se eu fosse Deus eu tinha eletrocutado ele com um trovão).
  - Essa companhia é um lixo - Dizia ele para todos no ônibus. - Num tem tevelisão (ele disse assim em uma das vezes), num tem rádio, cadê a MODERNIDADE!!! Terminava ele em um grito.
  - E Quanto pedágio!!! - Continuava ele. Eu deveria ter pego um avião, são sete horas de viagem de ônibus pra Campinas, se eu não tivesse música eu não aguentaria, mas olha quanto pedágio!!! Se tivesse de avião eu passava direto, porque se fosse parar para pagar pedágio o avião caia! - Soltando um riso seguido de um grito e finalizando os grunhidos com um "ai, meu Deus".

  Fora que o indivíduo falou (cada coisa daqui ele realmente falou) de peixada, falou de lambaris, de tilápias e pirararas, que o "presidente' Lula e sua "secretária" Dilma deveriam morrer, que ele deveria explodir seu lá diabos o que, falou um pouco mais da modernidade e de ônibus escolares, falou que iria viajar ver alguém e que com esse alguém comeriam peixe e deve ter repetido umas 27 vezes "ai, meu Deus".

  Eu tinha arquitetado já um plano, usaria minha lapiseira de dentro da mochila e arrancaria a traqueia dele, imaginei ele falando "ai, meu Deus", enquanto gargarejava com o próprio sangue e se asfixiava, eu seria um herói, mas eu precisava ir no banheiro antes.

  Novamente falo, Murphy foi um grande sábio.
  Coloquei minha mochila nas costas (não deixo a mochila na poltrona, sou paranóico) e entrei no banheiro, ia ser jogo rápido, um xixizinho e tudo resolvido. Quando eu entro no banheiro e com uma observação mais profunda vejo que não estou sozinho, pelo menos parcialmente.

   Alguém havia deixado cerca de 5% da sua massa corporal e como essa ainda tinha essência de viver se recusava a ir privada a baixo e me observava com metade do seu corpo ofídico acima da superfície da porcelana.
  "Ai, meu Deus" Pensei comigo, não vou conseguir mijar naquela jararaca de barro.
  Era simples, pensei comigo, é só não olhar, tira pra fora, aponta e manda ver, nem precisava apontar, era só deixar a natureza fluir.
  O cheiro do braço do macaco me fazia lembrar que ele ainda tava lá e eu olhava.
  Que isso João, seja homem, é só um cocozinho! (tá bom, não era um cocozinho), vamos lá, de sujeira pra sujeira qual é a diferença, seja forte homem!!!
  Eu não consegui
  Vamos isso ai, mira nessa porcelana (pelo menos o que sobrou dela, porque parecia que 80% da privada era tomada pelo bolo fecal), coragem.
  Eu tentava.
  Caralho!!! Que espécie de covarde é você!!! Vamos homem, você tem que conseguir, seja macho!!!
  Mijei na pia mesmo e fui embora.

  Quando sai do banheiro volto a escutar o falatório sobre modernidade e peixada frita.
  Eu esperei a parada, fui fora do ônibus com minhas coisas, esperei todo mundo entrar e procurei um lugar na frente para sentar, achei a cadeira para obesos, gestantes e idosos e foi lá mesmo que me sentei.

  Por incrível que pareça eu ainda escutava os gritos de "agora vai moleque" e os "ai, meu Deus", mesmo usando um abafador de som e o cheiro do achocolatado do banheiro já estava impregnado no meu nariz, eu tentei dormir, mas os sonhos que me vinham eram todos relacionados com peixadas, aviões pagando pedágios e caindo e explodindo, porém ao invés de um "Bum" tradicional das explosões um singular "ai, meu Deus" no lugar.

  Essa pseudo crônica não tem um final, porque infelizmente ainda não terminou, domingo eu vou estar fazendo a mesma viagem de volta, levando comigo minha paciência, um abafador de ouvidos mais forte, um frasco de rivotril e um machado bárbaro.

  De coração eu espero que esse sujeiro morra, de forma lenta, humilhante e dolorosa, dai sim ele vai poder explicar pra Deus o porque ele tanto chama Ele.

domingo, 28 de agosto de 2011

De férias?



  Ultimamente ando sendo muito preguiçoso para escrever qualquer coisa nesse blog, desde que entrei na faculdade produzi muito pouco, mas fico muito contente com amigos que andam lendo as crônicas e comentando o que acham delas para mim, algo que eu nunca dei muito valor mesmo quando eu escrevia no jornal de piracicaba.
 Kristian, estou te devendo uma crônica nova, logo escrevo, e obrigado pelo incentivo, pra mim este tipo de coisa vale muito.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Saudades

  Faz quanto tempo desde que você foi?
  Uns 5 anos?
  Nossa faz tempo, eu sempre quis escrever isso pra você, não sei se acredito em alguma coisa além dessa vida, mas eu te amo muito ainda, pra mim foi extremamente difícil perder você, na verdade, ainda é extremamente difícil lembrar que você não vai mais estar na praça de alimentação do shopping sentada na frente daquele brexó, é difícil pensar que não vai ter mais alguém que brigue comigo me chamando de "senhor" ou que consiga dar aquele olhar que nos sonda a alma e descobre o que estou pensando.
  Quando eu descobri o que você fazia por trás das cortinas daquele trabalho voluntário fiquei puto da vida com você, vc passava fome e nunca pegou uma cesta básica pra você, o que você tinha na cabeça?
  Eu demorei muito tempo pra escrever isso porque ainda é complicado falar sobre você, eu te amo muito ainda.
  Estela agora descansa com as estrelas? Bom, fique bem.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Fofocas.





  Umberto Andorinha uma vez disse que o grande mal do mundo não são as grandes metrópoles que em sua noção de coletivo contém a leviandade, mas as cidades pequenas que por sua vez contém o "meter-o-bedelhice-na-vida-alheice". Termo que Andorinha luta por anos para inserir na gramática portuguesa, alegando ser de extremo bom gosto, muito refinado.
 
  Há uma formula matemática pra mensurar a força das fofocas que é uma relação envolvendo número de habitantes, quantidade de antidepressivos vendidos e cirurgias plásticas realizada.

   A exemplo eu, que comecei a fumar na faculdade, quando pisei em território provinciano e acendi o primeiro cigarro o tempo estimado que levou para que meus pais descobrissem por intermédio de uma vizinha foi de 13 minutos e 42 segundos.
 
  Novamente o sociólogo Umberto Andorinha observa a respeito de feitos como esse:
  "Você pode culpar a tecnologia de comunicação pela disseminação da fofoca, mas agradeça, pois na minha época, era moda as cartas serem jogadas janela a dentro presas em um tijolo, e como na maioria dos casos, as pessoas só liam as fofocas após se recobrarem de um traumatismo craniano". (Trecho retirado do livro, Confissões Pós uma Chuva de Prata).
 
  Para o sociólogo a fofoca nas cidades pequenas é algo intrínseco a terceira idade humana, junto com o célebre biólogo Rian Stebedush, fazem uma pesquisa que busca provar uma alteração gênica no organismo originada pela absorção da radiação da televisão e a química da sujeira de baixo das unhas que concede ao cérebro uma capacidade sobre humana para fofocas, a lingua se movimenta de forma ofídica podendo falar até 12 palavras por segundo e concede ao cérebro um poder paranormal para absorver informações sobre a vida alheia, sempre claro, mantendo sua licença poética sobre a informação.

   Mas a teoria prossegue com um desenrolar assustador, a energia gerada pelo processo de fofocamento cerebral é o que mantem o corpo dessas senhoras da terceira idade vivo, caso elas tentem parar de fofocar ( o que é  improvável, sendo que é um das mais poderosas adicções) suas vidas se esfriam e especula-se que explodiriam em uma supernova, mas graças a novelas superficiais e suas vidas desinteressantes comprovadamente, não há risco de explosões.